Me refiz esta manhã. Acordei bela por ter matado Samanta.
Ela morreu em meu pensamento, e muito por dentro de mim e pude com isto acordar
inteira. Acordei por ter sonhado, e acordada queria dormir novamente e esquecer
que Samanta um dia existiu em mim. Era minha gêmea. Uma parte estragada e
funesta que existia no mais íntimo do meu ser, na minha parte mais inteira, meu
âmago. E mesmo sendo tão estranha, nunca fui louca.
Mesmo com conflitos a outrem. De muitas formas e jeitos.
E a cegueira em mim me envolveu neste arranjo sentimental, me fez ter um
queixume sincero e sem fim. Resolvi me embrenhar de vez em quando. E quando o
sono ataca tão atroz, volto pra casa. E assim Samanta me consumia e me
apresentava à muitas ideias durante meu sono. Me mortificava em meio as minhas
tentativas de sonhar um sonho brando e tranquilo, sem me sentir tão cansada ao
acordar.......Sei que eu estava numa demência repentina pela manhã e um surto
invejável não seria ruim.
E eu queria assim todos os dias, não ser tão demente, e
não aguentei quando Samanta me atordoou numa manhã fria. Agora ela está lá
desmaiada, e lindamente silenciosa. Sem pulso. Sem dor. Sem enigmas
traiçoeiros. Agora ela está morta e realmente não sei o que será de mim assim,
tão perdida. Mais me refiz, e já me sinto uma estátua no jardim. Uma estátua de
olhos serenos e roupas leves. Mais serei sempre triste por ter este demônio
dentro de mim. Ele me faz cócegas e sorrindo feito louca vou por aí matando
monstros.
E o meu era de mãos macias e de palavras doces. E usava
uma flauta amarela, e derramava em mim encantos suaves, eu saía por aí feito
zumbi perdida e devorava alguém. Devorava vivos também? E hoje cedo foi
Samanta. Esta sombra que me acalentava e que muitas vezes, me atava no quarto.
Ela era a parte mais importante de mim.
Era meu lado majestoso e cativante. Todas as noites sinto
saudade dela, do gosto afável da sua companhia. Olho embaixo da cama e
profundamente sinto a dor de estar só novamente e não consigo dormir. E quando
durmo com meus cacos purpurinados... Acordo arrependida. Por ter jogado fora a
mais linda flor. Por ter amargado o mel das minhas insônias. Samanta se foi e
eu agora fico louca...Louca na escuridão de mim.
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